Quando foi marcado o referendo sobre a comercialização de armas, a maioria absoluta da população era a favor da proibição. Meses de debate depois, a proposta foi derrotado no voto.
Duvido que a proposta de reduzir a maioridade penal resistisse a alguns meses do país aprofundando esse debate que tem se dado de maneira tão rasteira.
E digo porque já fui um ferrenho defensor da redução da maioridade penal. Aliás, já fui um admirador de jornalistas estilo Datena, já bradei com orgulho que "direitos humanos são para humanos direitos", já daí tomei uma atitude radical. Ler.
E quanto mais li, mais percebi o quão pouco eu sabia e ainda sei. Criei outro entendimento da sociedade e do ser humano e hoje sou contra a redução. Posso até abrir mão desta minha convicção, mas em nomes de argumentos plausíveis. Não recuo pela afirmação rasa de que quem tem a minha opinião defende a impunidade.
Alguém tem coragem de dizer que os bispos da Igreja Católica defendem bandidos, dada a posição pública da CNBB sobre o tema? A Ordem dos Advogados do Brasil, a União Nacional dos Estudantes, a UNESCO, o governador Flávio Dino, até Joaquim Barbosa (!), ídolo da maioria de vocês. Estes são os defensores de bandidos no Brasil?!
Sérios, honrados e amantes do povo são Eduardo Cunha, Paulo Maluf, Bolsonaro, Alberto Fraga, Aluísio Mendes e essa corja de achacadores que joga para platéia em busca dos votos de vocês?
Quem aí pode dizer que reduzir a maioridade tem alguma relação com a solução dos problemas da criminalidade quando os países que tomaram essa medidas tiveram aumento da criminalidade, e alguns já voltaram atrás?
Eu apelo a quem se propõe racional, a quem quer debater tema tão relevante com base em argumentos e pergunto: Deve o Estado servir como instrumento de vingança? Deve o Estado abrir mão de proteger aqueles que sabidamente estão em outro estágio de desenvolvimento? Deve a Constituição ser mudada com base na exceção, no clamor da comoção?
Procure se informar sobre o que o Sinase, sobre o ECA, sobre o quanto temos falhado na proteção dos nossos jovens e na punição dos delinquentes juvenis e saia do lugar comum que defende mais encarceramentos, de mais jovens, mais negros, como a solução para os nossos problemas.
Foi essa visão que nos trouxe a esses dados de guerra civil, e não vamos sair deste quadro se não enxergamos o problema da segurança pública como passaram a enxergar os países que deram certo nessa área e aí sim poderemos levar todo o povo brasileiro a, quem sabe, decidir num referendo.
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